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Vetor Entrevista: EVEHIVE

EVEHIVE lança “ECHOES”, mesclando ecos de todas as suas sonoridades: Explorando gqom, ritmo sul-africano, voguebeat, funk e techno, o DJ e produtor em ascensão solidifica sua marca na cena com seu mais novo projeto, o EP “ECHOES”


Texto e entrevista por Pedro Paulo Furlan

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Fotografia por Tata Barreto


São Paulo, 17h. Meu papo com o DJ e produtor EVEHIVE acontece no momento perfeito - no dia do lançamento de seu novo EP “ECHOES”, e no dia seguinte ao seu primeiro evento de audição. Por mais que seja rotina para outros artistas, esse tipo de evento, por exemplo, é algo marcante para Eve, nome da pessoa por trás do DJ, que, desde o ano passado, tem crescido exponencialmente.


“O que eu não fiz em 10 anos de carreira, aconteceu um em um ano só”, ele me conta, relatando que a audição foi um momento muito emotivo para ele. Sobre essa ascensão, no entanto, Evehive revela que não é só flores: “Estou tendo que lidar com isso tudo, com ser visto, com a atenção, com a resposta a minha identidade e tudo mais, mas, esse é o cerne de ‘ECHOES’ - são faixas que mostram o que vou ecoar a partir de agora, baseadas em tudo que já passei antes”.


Lançado no final de setembro, o novo EP de EVEHIVE conta com sete faixas e participações nacionais e internacionais. O projeto, como o próprio artista aponta, é uma apresentação de seu som atual, mesclando o techno e voguebeat, pelos quais já é conhecido, com o funk e o gqom, sonoridade sul-africana pela qual ele se apaixonou durante sua turnê na África.



“Me encontrei muito no gqom, serei sempre apaixonado pelo voguebeat, que eu trago muito e que tenho essa vivência de anos, e tem ainda o funk, né? Acaba virando tudo um eletronicozão”


Ao longo do projeto, o produtor se apresenta e vai introduzindo outros nomes a seus ouvintes. No EP, que conta com a participação de Mamboussa, WILHEMINA, b o u t e MC Morena, o artista consegue equilibrar sua sonoridade com a de outros produtores e vocalistas, provando a solidez de sua perspectiva única.


Uma curiosidade sobre “ECHOES”, no entanto, é que o processo de criação do projeto foi algo mais de curadoria do que de produção em si. Segundo o que Eve me conta, parte das músicas já estavam prontas há três anos, mas, no início desse ano, ele teve a necessidade de “ocupar a minha cabeça com alguma coisa” e deu de cara com essas sete faixas.


“Eu estava muito sensibilizado”, EVEHIVE relata, apontando que no momento em que teve a ideia para o EP, ele estava passando por alguns problemas pessoais com família e amigos, e também estava começando sua transição hormonal. “Foi aquela coisa, meio clichê, a música me salvou, sabe? Esse processo de finalização foi muito importante para me acalmar”, diz ele.


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Fotografia por Tata Barreto


Eve, que foi reconhecido como um dos DJs mais promissores do mundo pela MixMag no ano passado, também aproveita nossa conversa para aconselhar outros profissionais do underground. “É muito bom ter esse reconhecimento, mas, pode ser bem desafiador. É o que a gente procura, mas, ao mesmo tempo, você precisa cuidar da saúde mental”, ele explica.


“Eu fiquei muito exposto, né? Então meu conselho é sempre fazer algo, você não pode ficar parado com todos os olhos em você. É fundamental se profissionalizar, se cercar de pessoas, ter uma boa rede de apoio, para você conseguir executar tudo no tempo certo”.


Mas, para ele, o maior apontamento possível é saber o que você mesmo quer fazer - “às vezes a gente, na tentativa de chamar atenção e agradar o outro, a gente acaba sendo meio caricato, sabe?”, EVEHIVE finaliza.


“Tenha certeza se isso aqui é mesmo a sua pegada, porque só assim que flui. Só você pode sustentar seu personagem, né?”.




 
 
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