Vetor Entrevista: Mia Badgyal
- vetormagazine
- 7 de nov.
- 4 min de leitura
É “MUCHO SEXY” ser Mia Badgyal
Em seu segundo álbum, lançado há um mês, a artista veterana do underground construiu uma vitrine de seu amadurecimento como artista e dos artistas que compartilham a cena com ela.
Interview by: Pedro Paula Furlan
São Paulo, 14h. Antes mesmo de lançar seu álbum de estreia, “EMERGÊNCIA”, em 2023, a veterana do underground paulistano, Mia Badgyal, já estava planejando seu próximo. Munida do rascunho do que viria a ser o primeiro single, “Rave de Boneca”, Mia já estava traçando os contornos de “MUCHO SEXY”, seu segundo disco, lançado no mês passado, há mais de dois anos.
“A princípio, seria um EP”, ela me conta, quando pergunto sobre os primeiros passos, afirmando que “estava muito na ânsia de lançar novas músicas”. Relatando a realidade de uma artista independente na cena underground, a cantora, compositora, DJ e stylist diz que, naquele momento, estava “sem oportunidade de trabalho” e a música foi sua maneira de sair disso.
Foi dessa sede por se expressar artisticamente e da sua determinação que nasceu “MUCHO SEXY”. Com 12 faixas e diversas participações nacionais e internacionais, o disco marca um amadurecimento inegável na perspectiva de Mia Badgyal, além de já ter batido recordes pessoais, alcançando mais de 600 mil reproduções só no primeiro mês.
É “MUCHO SEXY” saber o que está fazendo
Com mais de oito anos na cena underground, Mia já fez uma marca sólida - mas, “MUCHO SEXY” chega, segundo ela, para mostrar que ela sabe muito bem o que está fazendo. “Um dos meus sentimentos no começo desse processo foi ‘eu tenho que me provar’”, ela aponta, acrescentando: “Eu comecei sozinha, fazendo minhas músicas sozinhas, preciso mostrar que eu sei fazer tudo isso”.
Começando com “Rave de Boneca”, Mia foi construindo - ao lado de seu colaborador recorrente e produtor geral, FUSO! - o universo que viria a ser “MUCHO SEXY”. Convidando o duo Cyberkills para produzir esse single, a artista também convocou Katy da Voz e as Abusadas e Lia Clark para fazerem seus próprios versos, porque, como a mesma diz, “não dá para você fazer um álbum e trazer esse estudo do funk sem trazer nomes do funk”.
“Fui muito calculada e decidi que só faria sentido lançar aquilo que a gente amasse 100%”, Mia Badgyal aponta quando questiono sobre as faixas que não entraram para o disco. Segundo ela, durante esses dois anos de produção, com uma pequena pausa por causa de problemas de saúde, ela e FUSO! produziram muitas faixas, e as que entraram foram as favoritas.
É “MUCHO SEXY” ser fiel a si mesma
Um processo fundamental para o sucesso desse disco foi a profunda pesquisa sonora. Inspirada pelo “Motomami”, de Rosalía, e o “Funk Generation”, de Anitta, esse álbum foi uma maneira de Mia abraçar sua própria cultura - vindo da periferia de São Paulo - além de ser uma forma de vitrine para outros artistas da cena, pelos quais Mia é apaixonada.
Na produção, a artista conta com a parceria de Umru, Cyberkills, Clementaum, Ramemes, Carlos do Complexo, CARLO, Baby Plus Size, felino, Bbynito e dj g2g. Enquanto, Mia convida Katy da Voz e as Abusadas, Irmãs de Pau, WES, Lia Clark, MC Morena, Lua de Santana, MC Binn e MS NINA para fazerem parte nos vocais.
“Sinto que o álbum é um acordo de mão dupla, né? Você está convidando eles para fazer parte desse projeto que é tão pessoal para você, mas eles também estão oferecendo a arte deles para você”.
“Quero que você seja fiel a si mesmo, entendeu?”, Mia me conta quando eu pergunto como ela encaixa essas participações no seu universo. E essa estratégia deu frutos - durante a produção do disco, diversos momentos mostraram que ela apostou nas pessoas certas.
Além de nomes que já estavam em destaque, como MC Binn, MC Morena, Lia Clark e Irmãs de Pau, de 2023 para cá, muitos dos participantes no disco cresceram exponencialmente. Clementaum é um dos maiores nomes da eletrônica brasileira, WES e CARLO bombaram com “Kawasaki”, seu feat com Urias, Katy da Voz e as Abusadas estão saindo em turnê com Pabllo Vittar, dj g2g é produtora da nova estrela latina, Six Sex, Baby Plus Size é a nova marca registrada no tecnobrega, e muito mais.
“É muito legal quando a gente aposta na coisa certa, né?”, afirma Mia. “Eu realmente não tinha grana para fazer esse disco. Então, precisei mesmo desse apoio dessas pessoas que me ajudaram tanto, foi junto com elas que eu consegui construir ‘MUCHO SEXY’”.
É “MUCHO SEXY” ser underground
Acompanhada de estrelas do underground internacional também, como Umru, que já produziu para Charli xcx, MS Nina, pioneira do reggaeton na América do Sul, e a artista indicada ao Grammy Lua de Santana, Mia Badgyal afirma que estar presente nessa cena foi algo que a conectou com o mundo inteiro, conseguindo estar lado a lado com pessoas que a inspiram.
“Para mim, o underground é isso, é você ser única - com isso, as pessoas se apaixonam. Acho que as pessoas gostam de mim realmente pelo que eu sou, minha autenticidade, minha individualidade”.
“Acho que o underground está no meu DNA, entendeu?”, Mia aponta, enquanto finalizamos nossa conversa. Pergunto para ela sobre o que significa ser “princesa do underground”, como ela afirma em “HOT”, produzida por FUSO! e Umru, e ela me responde: “Quando eu me descobri na cena, eu não precisei fazer nada para estar aqui, só fui sendo eu e aí quando eu vi eu tava do lado das minhas ídolos - ser princesa do underground é ser você mesma”.
CRÉDITOS DAS FOTOS
Fotografia: @mateusaguiar
Diretor Criativo: @lucasphobia
Diretor de Arte: @roberthaugsto
Edição: @kaiocsr
Design: @lucasphobia
Video: @edgardisanti
Beauty: @ict0r
Hair: @chicasintetaz
Nails: @actedboy
Styling by @miabadgyal @iclaudee_
Mask by @cece04747
